Jack não sabia quantos dedos tinha arrancado dos mortos-vivos, eles não desistiam por nada.

- Esses malditos não me deixam fazer nada! – Gritou Jack.

- Concordamos novamente! Acelere esse carro! – Gritou Gray distribuindo tiros nos zumbis. Após alguns minutos estavam cobertos de sangue dos agressivos infectados.

- Preciso ligar o carro, não vê que ele morreu? – Falou Jack sem saber o que faria. Um ruído de motor os deixou atentos: O caminhão voltara, mas dessa vez quase bateu de propósito. O grande caminhão raspou por milímetros a porta do motorista, arrastando a maioria dos zumbis com ele. O ex-advogado não pensou duas vezes: Ligou o carro e deu ré, esmagando e arrastando o resto deles que havia sobrado. Ao parar o carro, Jack encostou a cabeça no banco e suspirou aliviado.

- Uffa! - Disse John também aliviado.

- Temos que agradecer esse cara. – Jack disse enquanto saia do carro olhando para os lados com a faca em punho, caso algum deles ainda se levantasse. Chegou com desconfiança e agradecimento, você está bem? - Perguntou batendo na porta.

- Estou ótima, e vocês? - Uma garota abriu a porta e pulou do caminhão.

- Também estamos ótimos, valeu pela ajuda. - Respondeu o ex-advogado totalmente surpreso.

- Pare de me olhar com essa cara de idiota, precisamos sair da cidade já! - Retrucou a garota.

- Estou curioso, você tem carteira de motorista? Você parece tão... Nova. - Perguntou ainda muito surpreso por ver uma garota tão nova dirigir um caminhão com tanta graça e controle.

- Eu não tenho... Mas acho que isso não importa agora, vamos dar logo o fora daqui! - Falou a garota apressada.

- Não podemos. - John andou até ficar ao lado do ex-advogado.

- Não? Estão doidos? Temos que sair agora!

- Precisamos pegar a fórmula onde essa bagunça começou. - Respondeu Jack

- Vocês sabem como isso tudo começou? Ótimo, mas não quero ver como tudo vai acabar! - sorriu a jovem

- Sim, meu nome é Jack.. E esse idiota do meu lado é o John. Veja bem, se saírmos sem essa fórmula as pessoas podem nunca mais descobrir como matá-los!

- Entrem no caminhão. - Falou autoritária.

- Qual o seu nome? - Perguntou John ao jogar as duas mochilas sujas de sangue para a moça.

- Meu nome é Kathleen, sério... Entrem no caminhão! Vou levar vocês dois até essa maldita fórmula.

Os dois homens entraram no caminhão. Jack ainda surpreso, tirou da mochila a garrafa d'água e bebeu um pouco.

- Se segurem aí, pra onde querem ir? Falem a direção. - A garota deu ré no caminhão o tirando do passeio, onde havia esmagado vários deles. Jack falou o endereço enquanto Kathleen dirigia tranquila e intocável.

- Vamos ver, você tem quantos anos? 17?? - perguntou John em uma tentativa de puxar conversa.

- 18, pareço ter 17... mas tenho 18. - respondeu ela automáticamente.

- Qual razão te levou a nos ajudar? - perguntou curioso o ex-advogado.

- Eu vi que vocês dois ainda estavam vivos e quis tirá-los daqui, quanto mais sobreviventes dessa catástrofe melhor. - Respondeu a moça ao virar uma rua, o silêncio que se seguiu deixava tudo um pouco incômodo.

- Posso ligar o rádio? - perguntou John levemente tímido.

- Não aconselho a fazer isso. - Sorriu a moça ligando o rádio, os dois homens taparam os ouvidos: Ao invés de música escutavam apenas gritos desesperados, Jack desligou o rádio horrorizado.

- Eu acho que prefiro o silêncio. - Jack disse inconformado.

- Eu também. - John suspirou.

- Eu não. - Riu Kathleen colocando um cd. A música enchia o caminhão: O som de bandas como Slipknot, Divine heresy, fear factory e Korn os deixaram animados.

- Ao menos você gosta de metal - Suspirou o ex-advogado com alívio.

- Se segurem! - Gritou der repente a moça, girou o volante e acelerou: Mais de 100 mortos-vivos a frente corriam e babavam no meio da rua, alguns se jogaram no caminhão com a ilusão de pará-lo.

- Zumbis desgraçados! - Falou John enquanto pegava a arma anterior na mochila e tentava mirar nos que se seguravam ao caminhão. Diferente de Jack, Kathleen se curvou dando espaço a ele para atirar, mesmo dirigindo encurvada, a moça não perdia o foco em onde estava indo.

- Jack! Do seu lado! – Gritou Kathleen jogando o cabelo de lado ao girar o volante e quase raspar o caminhão em um muro para esmagar os zumbis ao lado do ex-advogado.

- Não precisa ser tão grossa assim! – Riu Jack.

Ao se livrar dos zumbis agarrados no caminhão, respiraram aliviados. John cochilou algum tempo até chegarem ao laboratório, O ex-advogado pulou do caminhão estranhando não haverem zumbis por todos os lugares, era tudo muito estranho – pensou.

- Cuidado aonde pisa, Jack. – John indicou o chão banhado em sangue.

- Esse lugar está um caos, mas não vejo mortos. – falou Kathleen espantada.

- Foi o começo de tudo, vamos entrar. – Falou automaticamente o fugitivo ao pegar a própria mochila.

- Vamos? Eu disse que viria não que entraria nesse lugar. – Falou Gray ainda inconformado por não terem saído da cidade.

- Eu vou com você, tome conta do caminhão. – Kathleen disse ao jogar a chave do caminhão para John.

- Vai? – Disse o promotor surpreso.

- Sim, não posso deixar que as princesas morram antes de pegarmos essa fórmula pra dar o fora da cidade. – Sorriu a moça.

- As princesas seríamos nós? – Perguntou Jack sorrindo.

- Sim, vamos lá Jack. – O rapaz pegou uma das armas na mochila e indicou a moça.

- Não obrigada, minha arma está aqui. – A moça tirou do caminhão um enorme e pesado pé de cabra.

- Gosta de armas a curta distância? Tome – Jack lhe eu uma faca parecida com sua inseparável amiga e companheira de degolação a zumbis.

- Essa eu gostei! – Falou a moça guardando a faca na cintura.

- Eu continuo achando bom ficar aqui. – suspirou John.

- Abaixe-se no banco e não deixe nenhum deles te verem, qualquer coisa toque a buzina. – Aconselhou a moça.

- Certo. – Concordou.

Jack entrou pelo portão arrebentado e andou pela grama, a moça o seguiu atenta, sem largar o pé de cabra. Andando pelo grande jardim sem encontrar nada, o rapaz parou.

- O que foi? – Disse Kathleen olhando para os lados.

- Vamos subir até aquela janela. – Jack apontou.

- Por que não entrar pela porta da frente? – A moça olhou sem entender.

- Porque o laboratório é ali, não quero andar pela casa inutilmente. Faça o que quiser, mas mão faça barulho, se não me engano... Isso os atrai.

- Ótimo, vamos. – Jack andava com a mochila nas costas, mesmo cansado sua vitalidade era de uma aranha, subiu o muro rapidamente, olhou pela janela: Barra limpa.

Kathleen demorou um pouco mais, mas conseguiu subir rapidamente. O laboratório estava deserto, Jack revirou em silêncio o local destruído e ensangüentado. Após 10 minutos encontrou 3 frascos verdes do material que havia tacado no cientista mas não encontrou o roxo.

- Droga! – xingou baixinho.

- O que falta? - Perguntou a moça cansada.

- Um frasco roxo. – falou automaticamente.

- ali naquela mesa tem um! – exclamou Kathleen.

Jack andou até onde ela indicou. Abaixo da mesa havia um cadáver , como se encontrava parado desde que entraram, os dois imaginaram que era somente um corpo. O rapaz pegou o frasco e o guardou na mochila junto com os outros, enrolou todos em um pano ensangüentado, que supunha antes ter feito parte de um jaleco, talvez pertencente a um dos cientistas. O corpo se moveu, levantou e derrubou a mesa, fazendo vidros se quebrarem. Kathleen, rápida como um furioso vento correu até ele o chutando na cabeça. Tarde de mais:

- Corre Jack! - Gritou Kathleen ao ver dezenas deles serem atraídos pelo barulho e passarem pela porta.

- Nem precisa dizer! - o Ex-advogado correu, mas um deles agarrou seu ombro e ele foi arrastado cada vez mais para os zumbis.

- Kathleen! - Gritou Jack desesperado enquanto a moça parava ao lado da janela.

- Jack! - A moça andou um pouco, mas jack jogou a própria mochila para ela.

- Vai! Eu me cuido! - Kathleen ficou sem saber o que fazer, por fim desceu devagar com a mochila nas costas e o pé de cabra pendurado na cintura. Ao chegar no chão algo a assustou: algum zumbi havia pulado a janela - pensou, mas ao cair pesadamente sobre a grama, não foi um zumbi mas sim Jack que berrou de dor.

- Seu doido! - Gritou a moça aliviada de ver que o rapaz não tinha virado almoço de zumbi. Jack se levantou mancando e andou em direção a Kathleen.

- Vamos dar o fora, sei que eles vão pular me seguindo. - Falou nervoso.

- Ok, só não faça mas nenhuma maluquice dessas! - A moça sorriu, correram até o caminhão enquanto vários deles pulavam seguindo o rapaz machucado. Jack mesmo machucado, pegou sua mochila das costas de Kathleen e a carregou até o caminhão. John abriu a porta para os companheiros, foi para o canto e puxou Jack. A moça fechou a porta ao entrar apressada.

- Agora pode correr com tudo pra longe dessa cidade! - Falou John em tom alto.

- Temos que pegar suprimentos se vamos fazer uma longa viagem nesse caminhão. - falou Jack desanimado e faminto, com a mão na perna machucada.

- Você tem razão, acho que ao passar por algumas ruas daqui há um shopping. - Comentou Kathleen já mudando a direção.

- Lá vamos nós pra mais um lugar cheio de mortos-vivos, uma hora essa sorte pode acabar. - Comentou o promotor.

- Reze para seu deus dos clichês. - Jack falou sério.

- Se eu rezar pra ele nós dois morreremos e a Kathleen ficará viva até o final - O promotor começou a rir.

- Deus dos clichês? - perguntou a moça curiosa enquanto dirigia.

- É que a chave daquele carro estava por lá, aquele que abandonamos e eu disse que iria rezar ao santo clichê todo dia. - John ria sem parar tentando contar a história. Ao terminar, Kathleen deu boas gargalhadas.

- Adorei essa, vou rezar pra esse santo. - Sorriu a moça. Jack parecia levemente pálido, Kathleen olhou pra ele por menos de um segundo ao dirigir e constatou:

- Jack, você não está bem... Aqueles canalhas te morderam?

- Não. Eu estou bem, foi a queda. - suspirou enquanto levantava a calça para que vissem sua perna direita machucada.

- Isso não está com um aspécto agradável - Comentou o promotor reparando o inchaço da perna.

- Está quebrada Jack? - Perguntou a moça, sem tirar os olhos do caminho.

- Acho que não, não está doendo tanto assim. - O rapaz machucado se recostou no banco e após alguns minutos, cochilou.