Jack Thomas

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Não acredito que ele está nos mandando pra essa missão ridícula. - Nick pensou indignada.


- Essa missão vai ser complicada. - "B" falou. Parecia mais sério do que de costume

- Porque acha que será complicada? É só... O mesmo de sempre. - Nick deu os hombros falando alto, evitando o barulho do helicóptero.
"B" não respondeu, se ocupou de preparar suas armas. Lancelot sorria como de costume, estava brincando com uma pequena e afiada faca, girando-a entre os dedos.
- Hey Lance, fiquei sabendo que o alvo fugiu. - Nick alfinetou, o rapaz parou de sorrir na hora, aceitando a provocação.
- O chefe vai pegá-lo, não se preocupe com isso. - Lance guardou a faca e olhou ao redor: A equipe toda estava calada, soldados no outro helicoptero também estavam em silencio, a ansiedade os dominava. A equipe de Lance era formada por apenas cinco agentes de elite: "B", Lance, Nick, o japonês Kai e o alemão Franz. Os dois ultimos membros entraram de ultima hora, eram homens de Spark. Não eram conhecidos por ninguém até o momento.

Lance queria puxar assunto com os dois, talvez um dia pudesse trabalhar apenas com Spark.

- Caras, quanto tempo trabalham pro Spark? Queria trabalhar em campo pra ele... - Franz e Kai se entreolharam e Kai respondeu com desprezo na voz:

- Muito tempo.

- Qual é caras, vocês não falam? - Nick podia sentir um sentimento estranho se contorcendo em seu estomago: O sentimento de vergonha alheia.

Franz suspirou e disse com forte sotaque alemão:

- Falamos sim... Mas não com você. - Lance abriu a boca pra responder, mas Nick colocou a mão em seu ombro, lançou também um olhar de reprovação.
A missão deles era investigar a situação do caos e capturar uma pessoa com a estranha doença para análise. A capitã daquele time anormal de agentes era Nick, mas ela não parecia se importar o que estava por vir. Achava a missão escolhida por Spark um verdadeiro saco, mas como seus superiores a colocaram para trabalhar para o frio rapaz ela não teve escolha.

Após algumas horas o piloto anunciou:

- Nick! Estamos sobrevoando a área, podem saltar! - A moça suspirou aliviada, jogou duas cordas e fez um sinal com a mão para que todos a seguissem. Nick colocou as luvas e desceu olhando ao redor. A cidade cinza estava deserta, era mesmo o lugar certo?

- O que vamos fazer agora? - Kathleen foi a primeira a perguntar, olhando para Jack que não respondeu. A maioria fazia cara de enterro, Gray não gostava do clima tenso.

- Vamos sair daqui, vamos pra qualquer lugar.

- E ser devorados em seguida? - Jack falou com raiva.

- Temos que sair desse prédio e chegar ao aeroporto. - John forçava a mente para um plano, todos fixavam seus olhos nele, menos Jack.

- Qual é a encrenca da vez? Achei que seus tempos de pivete tinham acabado. - O veterinário agora enfaixava a mão de Rodrigo.

- Pra sua informação eu não fiz nada, dois caras estão atrás de mim e por isso vim até aqui, Pedro.

- O que você fez?

- Não fiz ainda, mas vou fazer. - Rodrigo sorriu de forma misteriosa.


Já era noite, as pessoas dormiam, apagadas pelos dias passados e os que estariam por vir, mas dois caras se negavam a dormir.
Jack cruzou os braços indignado no corredor do prédio, ao lado de John, era hora da briga.
- E você acha que vamos simplesmente sair andando livremente? - O ex-advogado com os braços cruzados, falava baixo
- Se não tem uma ideia melhor, vamos fazer isso que eu disse.
- Desde quando você é o líder? - Perguntou Jack erguendo uma sobrancelha.
- Por que? Você era o líder por acaso? - John andou um passo em direção ao homem que não recuou.
- Foi você com toda a sua covardia que me seguiu desde a confusão no tribunal. - Uma onda de raiva e a lembrança de sua amada fizeram Thomas segurar Gray pela camisa. Já ia socá-lo, mas Kathleen apareceu por trás assustando-os e segurou a mão de Jack.
- Sério, não é hora pra brigar, okay?
- O que você veio fazer aqui?
- Eu vim dizer que temos um problema.
- Estamos vivendo em um problema porra. O que mais tem pra dizer? - Jack largou Gray e se concentrou na moça.

Kathleen não chegou a formular a frase, alguns tiros foram ouvidos do lado de fora. O coração dos 3 começava a bater realmente forte, afinal quem estava atirando?
- Sobreviventes? - Perguntou John quebrando o silencio pós tiros.
- Não, são soldados. - Jack respondeu andando até a janela procurando.
- Como sabe que são soldados?
- Sabem manejar armas, não foram tiros repetidos e sem sucesso como foram os nossos primeiros.

Jack procurou pela rua agora deserta (a não ser por dois dos monstros parecidos com baratas gigantes e uns vinte zumbis).
- Por que eles se afastaram daqui? - Kathleen perguntou, vendo ao lado de Jack na janela que o número de ameaças caíra bastante.
- Devem ter corrido atrás de outra comida. - Thomas respondeu dando os ombros, não era isso que lhe importava agora.
- Quem será que atirou? Devemos procurá-los? - Kathleen perguntou em dúvida.
- Não, eles estão armados e se são experientes assim com armas não vão perguntar primeiro e atirar depois. - Concluiu Jack em voz alta.

- Eu acho que devíamos checar. - John falou com ar curioso.
- Jesus de bicicleta, é claro que não! Se quiser checar vá você e se foda sozinho. Seria muito estúpido esse tempo fugindo da porra dos zumbis e morrer por tiros de soldados ou seja quem for que estiver atirando! - Jack falou alto saindo da janela e andando pelo corredor, deixando Gray e a moça sozinhos.

- O que você acha? - Perguntou a Kathleen que não sabia o que dizer.
- Devíamos checar sim, talvez não sejam inimigos... Sabe? - Ela tentava ser otimista, ele também.
- Eu vou procurar por eles, cuide do menino por mim. - John sorriu e a moça não retribuiu, apenas colocou a mão sobre o ombro dele e disse:
- Eu vou com você, não quero me arrepender de não tentar tudo pra ficar viva.

 

Eu e a Kathleen estavamos ferrados, os zumbis finalmente tinham chegado onde queriam.
Depois de tanta luta, vamos ser devorados por essas porcarias.
Dei um passo atrás quando escutei um barulho de tiro, achei que tinha sido da Kathleen, mas não foi. Meu coração deu um salto desgraçado.

- Quem está aí?
- Jack! Sou eu, John! - Nunca fiquei feliz em ouvir a voz do filho da puta, mas agora eu estava mais que feliz, estava eufórico. Kathleen e eu nos entreolhamos com um brilho de esperança no cantinho do olho. - Jack! Atire no pescoço deles! Eles morrem! - Era dificil ouvir o que ele dizia, mas não era impossivel. Peguei uma arma e mirei no pescoço sangrento de um, ouvi só um grito agonizante e ele caiu! O segredo é atirar no pescoço! Quem diria... Nos filmes de zumbi só nos ensinam a atirar na cabeça, nunca mais vou confiar na tv.
Kathleen deu pulinhos de felicidade que me assustaram um pouco, não estou acostumado a ver a parte feminina dessa garota. Ela é mais macho que eu, se é que isso é possível.
Joguei pra ela uma pistola e quase instanteneamente ela começou a atirar. Nem preciso dizer que saímos fazendo uma limpa na área, preciso?
Por mim, queria matar todos eles, mas a munição não seria suficiente, então era melhor economizar. Afinal, vou ter muitas oportunidades de atirar mesmo...

- Scott! Pra onde fica a casa do seu neto? - Perguntou a voz do John, distante.
- Me sigam! - Respondeu uma voz que eu não conhecia. É acho que o Gray arrumou um amiguinho pra brincar de fuga aos zumbis.

- Jack! Por aqui! - Kathleen apontou uma fresta entre e parede de zumbis, ela puxou meu braço com uma mão e atirava com a outra. Tive até medo, mas a mira dela era boa.
Ela devia ter visto o Gray, eu só via as bocas famintas e fedorentas ao redor. A minha munição já estava acabando, era bom que a garota soubesse pra onde a gente estava indo, ou eu a daria de presente pros canibais desesperados.
Mas felizmente ela sabia, saímos da aglomeração... Não foi fácil mirar, sendo puxado por Kathleen e com um tanto de mãos tentando nos agarrar. Mas finalmente consegui sentir de novo o cheiro do ar, o cheiro da liberdade, cheiro da vida.
Saímos correndo, e pra minha surpresa nosso grupo cresceu mesmo. Um garoto pequeno, um senhor mais velho... Acho que devia ser um quarentão. Não sei de onde tirava tanta força na idade dele, mas acho que nos meus quarenta anos também vou estar nessa boa forma.
Quase tropecei no gato miserável da Kathleen, me deu uma vontade de chutar ele pra longe. Mas o olhar de assassina da dona (que estava armada) me fez mudar de ideia.
Corremos pela quadra e eu nem consegui ver muita coisa, meu coração estava acelerado, tudo estava ficando preto. Merda! Não era hora pra desmaiar. Ficou tudo escuro e não senti mais nada.

Abri os olhos e a primeira coisa que vi foi o rosto de Kathleen, sua mão quente (acho que meu rosto que estava gelado, não importa) me deu tapinhas no rosto. Os olhos azuis dela me cegavam, eu sabia que John ia aproveitar da situação, me jogou água na cara e melhorei instantaneamente... Nada melhor que a fúria pre despertar de vez. Levantei e andei um passo em direção a ele, mas Kathleen e o velho me seguraram pelo braço.

- Filho da puta! - xinguei vendo Gray dando gargalhadas. - Onde a gente tá? - Perguntei olhando a escuridão ao redor.
- Fugindo de zumbis. - Respondeu o John me matando de raiva.
- Isso eu sei, onde na cidade estamos?
- Viemos buscar o neto do Scott.
-Scott? quem é Scott? - Olhei ao redor e notei o velho com lagrimas nos olhos.

-Jack... - Kathleen colocou a mão delicada sobre meu ombro. Já sabia o que devia ter acontecido, o neto dele estava morto, foi o meu palpite.

- Como eu vim parar aqui? Não lembro de ter corrido muito depois de desmaiar. - Joguei a pergunta nos braços da Kathleen e olhei pro garoto pequeno.
- O John te carregou. - Respondeu ela me olhando nos olhos, que olhar estranho essa garota estava me dando.
- Que foi? - Perguntei sem entender.
- Nada... - Kathleen virou o rosto e eu acho que entendi com um misto de agonia e dúvida. Uma mulher só dá esse olhar pro cara quando ele está pra morrer ou quando está afim dele.
Acho que prefiro a primeira opção. Minha Sophy... Que saudade.
John olhou pra ela e depois pra mim franzindo a testa. Não acredito, que idiotas! A gente tá fugindo de zumbis e eles ficam nessa de querer apaixonar? Que fogo do inferno.
Acho que era mesmo a primeira opção, porque ela olhou pro John séria e depois abaixou e me abraçou, começou a chorar. Fiquei pasmo, que diabos estava acontecendo aqui?

- Que é que está acontecendo? Porra não estou entendendo nada. - Desabafei com os olhos arregalados.
- Ela está com medo... - Respondeu Gray cruzando os braços.
- Medo do que? - Olhei para o garotinho e ele estava olhando pela janela, a unica fonte de luz.
- Olhe lá fora. - Quem respondeu dessa vez foi o velho.
- Me levantei, afastatei a moça de mim e andei até a janela.

Parecia um pesadelo, eram muitos zumbis e coisas... Estranhas.
Eram como baratas, insetos cascudos enormes e marrons. mas tinham dentes e presas, meu coração acelerou e eu entendi. Mulheres odeiam baratas, eu odeio zumbis, mas isso já estava saindo de controle. Monstros piores que zumbis?? Não acreditei que isso seria possivel. Baratas sobrevivem a tudo, será que essas também? Não acho que um chinelo mataria uma delas...

- Puta que pariu! De onde vieram essas coisas? - Perguntei quase com ataque cardíaco.
- Não sei, mas elas comem pessoas vivas... estamos encurralados aqui, acho que os animais estão mudando. - Gray respondeu olhando pra Kathleen.
- Animais mudando? Não diga. - Insetos bizonhos! (bizarros e medonhos)

 

Rodrigo estava sem camisa e de calça, como gostava de dormir. O rapaz se levantou da cama assustado com algum barulho.

- Nanda? - Chamou baixinho indo até a sala de estar, sentindo os pés esfriarem no chão gelado. Ao ir até a sala, sentiu uma pontada de realidade inevitável: Nanda estava caída no chão, morta. O sangue espalhava-se lentamente pelo piso amadeirado.

- Nanda! - Rodrigo ia se abaixar perto da irmã, mas algo o fez recuar: Dois homens estavam perto do corpo, o mais novo segurava um rifle, o mais velho o observava de cima a baixo com olhos claros e ameaçadores.

- O que está esperando? Mate-o! - Ordenou Spark olhando para o jovem assustado.

Lancelot mirou o rifle, mas a adrenalina de Rodrigo foi mais rápida: Correu em direção a cozinha tentando ignorar o barulho dos tiros. A arma possuia um silenciador, mas isso não impedia o barulho da casa sendo destruída: Madeira se partindo em pedaços, vidro quebrando e espalhando cacos no chão. Rodrigo estava ligado na tomada, amaldiçoou seu vício, afinal se não fumasse teria um fôlego melhor. Para fugir de mais um tiro, pulou para trás do balcão da cozinha.
- Por que isso tudo? Eu devo estar sonhando! Ou melhor, tendo um pesadelo! - Pensou olhando ao redor. No desespero tudo serve! - Concluiu olhando um spray para matar insetos na prateleira onde suas costas antes estavam apoiadas. Procurou um isqueiro e sorriu: Não era tão ruim ser fumante afinal, um pequeno estava por cima do balcão. Com um movimento rápido, com o coração aclerado, Rodrigo colocou a mão por cima, deslizando sobre a primeira prateleira. Ao tocar o pequeno objeto pensou que seu coração não aguentaria, estava batendo rápido demais. Tentou tomar coragem ao ouvir os passos dos dois homens se aproximando, não precisou: A imagem de Fernanda morta estava fervendo em seu sangue. Com um rápido pulo, Rodrigo saiu como um gato veloz de trás de seu esconderijo.

- Atire nele. - Falou Spark rapidamente. Lancelot mirou, mas assustou com o jato comprido de chamas que lhe queimaram a mão, fazendo-o largar o rifle.

- Idiota! - Berrou o mais velho. - Ele está fugindo! - Spark pegou o rifle e mirou pouco antes de Rodrigo alcançar a porta da frente, atirou e teve certeza: Acertara o ombro do rapaz, mas o ombro não era suficiente. O fugitivo assustado viu a janela de Carla aberta, era morrer ou entrar na casa da ex-namorada chiclete e que nunca desistia de reconquistá-lo. O rapaz chegou até a pensar por um momento, mas não tinha tempo. Pulou decidido, odiando a ideia. Caiu por cima da cama de Carla que ficava perto da janela, a moça que estava parada ao lado da porta tomou um enorme susto, mas ao ver Rodrigo apenas sorriu e disse:
- Meu deus! Você me assustou... O que está fazendo aqui? - Perguntou olhando-o de cima a baixo. - Você tá sangrando! - Ela quase gritou, Rodrigo não esperou pensar: Correu até ela, empurrou fazendo com que os dois se abaixassem e tapou-lhe a boca com a mão.

- Estão tentando me matar! shhh! Fica quieta até eles irem embora! - Sussurrou o fugitivo. Carla era geralmente escandalosa, mas agora apenas olhava nos olhos de Rodrigo. Ele não recuava o olhar, era melhor olhar para a moça que para um dos assassinos. Teve suas dúvidas ao tirar a mão da boca dela e vê-la chegando o rosto mais perto. Sem hesitar ela o beijou. O rapaz confuso aceitou o beijo mas logo desistiu, afastou Carla e tentou raciocinar. - Meu deus, nem com eu baleado ela desiste! - Pensou sem saber o que dizer e fazer.
- Desculpa... - Completou ela com lágrimas nos olhos. - O que está acontecendo? - Cochichou desviando o olhar.
- Uns malucos invadiram a minha casa... Nanda está... Morta. - Falou baixinho começando a evitar as lágrimas e pensar o que faria.

Ligar para a polícia? Não. Estava óbvio demais, o mais velho falava inglês, era certamente algo relacionado aos sobreviventes e se eram de alguma organização, a polícia era o de menos para os dois, mas por que não o queriam vivo? - Talvez não quisessem sobreviventes. - Pensou. Precisava falar com aqueles sobreviventes, poderiam saber de algo.
- Preciso ligar para Londres. - Falou baixo, mas sem pensar.
- Londres? - A moça parecia mais confusa que nunca. Carla olhava o ferimento no ombro dele, felizmente a bala havia pegado de raspão, mesmo assim o sangue escorria bastante. Ao vê-la o observando, segurou o ferimento com a própria mão, se sujando cada vez mais de sangue.

 

Londres 03:15 AM

Jack tentava agora se soltar de todas aquelas mãos nojentas imundas e podres, mas não estava tendo sucesso. Kathleen tinha lágrimas nos olhos, Snow agora no chão corria entre os zumbis com o pelo eriçado.

- É o nosso fim Jack! - Falou ela com a mão escorregando em seu inseparável pé-de-cabra.
- Não é não! - O ex advogado inconformado ao ver os zumbis segurarem Kathleen pelo ombro distribuiu algumas facadas.

Brasil, MG - 07:15 AM

Spark e seu time estava rodeando uma pequena mesa, um QG improvisado para os soldados.

- Escutem bem a nossa missão! Vocês devem matar esses homens, a tecnologia para um controle dessa praga me preocupa e isso também deixa nossos queridos chefes incomodados.

- Eu vou atrás desses homens? - Perguntou Nicolly olhando a ficha de alguns cientistas.
- Exato. - Spark observou todos os seus homens, pareciam tranquilos e feitos de pedra, a não ser é claro Lancelot que sorria de orelha a orelha.
- Eu desse garoto? - O rapaz empolgado olhava a foto de Rodrigo.
- Ele não é um garoto, é seu alvo Lancelot. - Spark respondeu frio.
- 'B', você acha problemático entrar na base militar deles? - Spark perguntou olhando uma planta em cima de uma mesa.
- Não senhor, aqui o sistema pode ser facilmente desligado. - Respondeu 'B' concentrado, sem nem mesmo tirar os olhos da planta.
- Certo, vamos começar. 'B' e Nick, levem todos os homens com vocês para a base militar, espero que não falhem. Lancelot e eu vamos cuidar do alvo 1.
- Eu não entendo, por que ele é tão importante assim? - Nick perguntou enquanto colocava munição no rifle e logo em seguida um silenciador em uma pistola.
- Ele teve contato com sobreviventes. - Falou Spark olhando friamente para a moça.
- E daí?- Nick levantou uma sobrancelha com um jeito que deixava seu comandante muito irritado.
- Ele é prioridade 1, não teremos sobreviventes em Londres. - Spark olhava para Nick como se ela tivesse ofendido sua mãe.
- Entendido. - A moça se calou e abaixou os olhos entendendo o que o olhar de Spark queria dizer.

Sairam todos para um longo pátio cheio de carros negros e brilhanes, onde motoristas os esperavam um em cada veículo. Spark entrou e sentou no banco do Carona, Lancelot ficou no banco de trás, guardou a pistola no coldre escondido por baixo da blusa branca que usava e sorriu olhando o comandante.

- Nós dois devemos ser mais que suficientes para matar esse Rodrigo. - Falou Spark olhando a foto do rapaz ao lado de uma moça ruiva na foto.

Rodrigo com a cabeça latejando viu a irmã entrar no quarto, preocupada como sempre.

- Mano, você tá legal? - Perguntou indo até ele.
- Estou, vou dormir mais um pouco ok?
Um barulho abafado assustou os dois.

- Esse não é o seu Celular? - Perguntou ela enquanto revirava uma pilha de roupas jogadas no chão.
- É sim! - Falou tirando o aparelho das mãos da irmã.

- Alô?
- Hmm, você é o garoto que teve contato com sobreviventes da catástrofe de Londres não é? - Perguntou a voz fria e direta em inglês.
- Sou eu mesmo! - Falou experançoso em inglês, afinal talvez alguém resgatasse aquelas pessoas.

Não obteve resposta, a ligação caíra ou a pessoa do outro lado da linha tinha desligado.

- Que estranho! - Falou para si mesmo.
- O que foi Rô? - A ruiva perguntou curiosa.
- Um cara me ligou, falando em inglês...
- O que tem de estranho além dele falar inglês?
- A pergunta que ele fez... Ai minha cabeça! - Exclamou curtindo um pouco da ressaca.
- Esquece mano, descança tá?
- É Nanda, hoje é daqueles dias que não sairei da cama.

- Conseguiu a localização dele? - Perguntou Spark sem nem mesmo olhar para Lancelot.
- Ele está em casa, e você tinha razão Spark, esse é o celular dele.
- Vamos. - Spark saiu do carro e sorriu.
- Vamos entrar lá e matá-lo? Apenas isso? - Perguntou o jovem interessado.
- Claro.
- Ele não tem familia?
- Não moram com ele, apenas uma irmã. Garoto você não leu nada sobre o alvo?
- Só pra confirmar senhor.

 

Londres - 8:06 PM

John subiu os degraus como se estivesse sendo obrigado. Precisava achar algo útil, mas não sabia o que seria esse 'algo útil' Sempre acreditou muito em seus instintos, agora era hora de segui-los. Andou por alguns minutos após terminar de subir dois andares, suando, cansado por estar sempre fazendo esforço o promotor sorriu ao olhar para a própria arma e ver algo se movendo no escuro. As luzes piscavam e ele não tinha certeza do que via, parecia alguém, mas poderia ser apenas mais um zumbi. Gray resolveu arriscar:

- Quem está aí?! - As palavras de John ecoaram pelo corredor extenso e bastante escuro, a única iluminação vinha da fraca luz que oscilava dando pra enxergar por apenas pequenos momentos, alguns segundos.

- Insetos! - Falou uma voz de criança em meio a escuridão.

- Qual seu nome garoto? - Perguntou o promotor abaixando a arma, forçando um pouco a vista para conseguir acostumar com a escuridão, apenas viu que o garoto tinha cabelo loiro, ou castanho claro, não sabia dizer.

- O inseto! - Repetiu ele mais uma vez.

- Não estou para brincadeiras, vamos lá, diga o seu nome garoto, onde estão seus pais?

- Eles devoraram... Insetos - Disse o menino com voz chorosa.

- Você foi mordido? - Perguntou John preocupado sem saber o que ia fazer com a criança.

- Não... Mas os insetos devoraram... - O garoto começou a chorar e sentou-se no chão.

- Insetos né? Vamos descer. Qual seu nome? Eu sou John. O menino não respondeu a outra pergunta do promotor, olhou para trás parecendo assustado, as pequenas mãos pálidas, tremendo no escuro.

Ruídos estranhos arrepiaram os cabelos na nuca de Gray, pareciam gemidos e urros, misturados a crescentes barulhos desconhecidos, como papel voando e chacoalhando. - O que será isso? - Pensou John querendo que a luz piscasse mais uma vez para ao menos poder enxergar o que tinha no resto do corredor. O garoto pegou algo no chão e correu em direção ao assustado rapaz.

- O que está acontecendo? - Perguntou John preocupado ao ver o menino passar por ele.

- São eles, os insetos! Corre! - Gritou o menino ao mesmo tempo em que mais um pico de luz deixava o lugar visível por alguns segundos. - Eu preferia não saber! - Exclamou John ao ver insetos vermelhos agarrados em zumbis, rasgavam pedaços de pele e pareciam devorar com pequenas presas ágeis e fortes. Os zumbis urravam e lamentavam, abanando os pontos vermelhos lentamente como se fossem moscas. Minha mira melhorou, mas não sou capaz de matar centenas de insetos com tiros! - Pensou ele olhando para a própria arma sem entender bem, apenas seguiu o garoto o vendo virar em um corredor.

- Espera aí seu maluco onde você está indo?! - Gritou ele inconformado enquanto corria no escuro. John tinha a sensação de ter pisado em algo gosmento no caminho, mas nem parou para ficar enojado, entrou por uma porta ainda seguindo o menino.

- Calma aí!

Ao entrar pela porta grossa e de madeira, o menino acendeu uma vela com um fósforo e a colocou em cima de uma cadeira. O quarto era escuro e pequeno, várias coisas estavam espalhadas no chão: Pequenas revistinhas em quadrinhos, livros, pacotes de biscoito vazios, um pouco cheios ou ainda não abertos. Sacos de pão fechados, garrafas de água e duas cadeiras jogadas. Uma mesa parecia ter se transformado em cama pelo menino. Um lençol branco já bastante sujo cobria a pequena mesinha no canto onde havia uma almofada grande. O garoto parecia ter adaptado todo aquele quarto, foi até a porta e a trancou com chave.

- Temos que sair daqui, não é hora de ficarmos encurralados! – John argumentou.

- Papai dizia que eu não podia sair daqui por causa dos comedores de carne, disse que tem muitos lá fora. – Respondeu ele indo até um pacote de biscoitos e mastigando alguns com as mãos derrubando farelos.

- Sim, mas aqui é mais perigoso, seu pai morreu não é? Qual seu nome?

- Meu nome é Michael. – Gray olhou o garoto de cima a baixo, suas pequeninas mãos ainda tremiam de medo, o cabelo loiro parecia muito sujo, já devia estar ali naquele quarto imundo a um bom tempo. Usava roupas brancas e não parecia ter menos de dez anos.

- Vamos sair daqui Michael.

- Mas os comedores de carne... – Que se danem eles! – John interrompeu.

- Vai ficar seguro comigo, Michael. Vamos pegue esses biscoitos e toda comida que você tem e guarde.

- Tem certeza John? – O menino parecia desconfiado.

- Vamos. – O promotor sorriu, demonstrando que ainda tinha um pouco de simpatia para crianças.

Londres - 8:42 PM

- O plano é esse, Kathleen, abre a porta arrebenta os da frente e corre. – Jack falou suando frio.

- Esse é seu plano brilhante? Nossa, deve ter gastado horas para bolar isso em Jack? – A moça sorriu ironicamente, passando a mão pelos cabelos, se preparando.

- Ideia melhor? Vamos lá, eles não pensam! Nós temos essa vantagem, Kathy!

- Como assim? – A moça parecia incomodada.

- Nós pensamos ora bolas! Eles não e... – Você me chamou de Kathy? – Respondeu ela interrompendo o pensamento dele.

- Ah, desculpe, foi bem aleatório. Hmm... – Batidas na porta eram agora constantes, amassando muito a porta do armário. Jack guardou a arma na cintura e pegou a faca, velha amiga e companheira.

- Vai preferir a faca, Jack? E certo, mas acho que você não vai dar conta de correr assim todo quebrado, vai? – Ela perguntou preocupada.

- Tá brincando Kathleen? De zumbis eu corro até sem pernas! – Falou Jack sorrindo. A moça riu um pouco, mas segurava com firmeza o pé de cabra.

- Vamos lá Jack!

- Vou contar até três.

- Ok

- Um... Dois... – Espera! – Kathleen gritou assustando o amigo.

- Ficou louca? Que houve com você?

- O Snow. – Kathleen pegou o gato e o colocou no colo, segurando o pé de cabra com apenas uma mão.

- Podemos ir agora? - Jack falou com a normalidade de alguém que fala que vai apenas a uma reunião boba e não correr de humanos carnívoros, sedentos pelo sangue e vida.

- Vamos! – Ele abriu a porta e saiu distribuindo facadas. Kathleen o seguiu com dificuldade por causa de Snow, que se mexia atento em seus ombros.

Empurraram, socaram, bateram, chutaram, cortaram, abriam caminho tentando não serem mordidos pelos zumbis alucinados, quanto mais Jack abria caminho entre eles, mais achava que estava impossível sair vivo, em uma de suas investidas deu um pulo pequeno, mas que deu para ver o mar de monstros a sua frente.

- Por aqui! – Sinalizou para a moça que acabara de quebrar o nariz de um deles com o pé de cabra.

Os dois correram com dificuldade entre eles, Thomas começou a sentir-se fraco. Andou mais alguns passos e um os mortos vivos segurou-lhe a perna e o mordeu.

- AAAAH! – Gritou Jack parecendo com mais raiva do que dor.

- Jack!! – Kathleen berrou com muita preocupação. – O ex-advogado não se segurou, pegou a faca e cortou a face do zumbi com violência, do olho direito até o lábio, que sangrou intensamente e o zumbi pareceu sentir dor, soltando-o.

Jack e Kathleen agora estavam rodeados por eles, até onde a vista alcançava, a moça podia ver zumbis.

- O que vamos fazer?! – Perguntou Kathleen em desespero, mais pensando alto que querendo perguntar a Jack.

- Além de morrer? Vamos tentar não morrer! – Falou ele socando um dos zumbis com a mão que segurava a faca, lhe proporcionando dor enquanto batia.

- Espero que seu santo clichê ajude agora! – Falou a moça sem saber o que dizer.

- Eu também espero! – Respondeu ele sorrindo.