02:08 PM – EUA, NY.

- Boa tarde, Spark. – Várias pessoas passavam por ele. O Caçador de confusão, ex-agente da CIA e novo coordenador do projeto mais secreto do governo. Spark – Como era conhecido pelos colegas, sempre eficiente. Seus alvos nunca escapavam, suas missões nunca falhavam. O exemplo para agentes iniciantes e colegas. Um homem alto e magro, apesar de forte. Torceu as folhas de relatórios como se torce um pano de chão, parecia nervoso. A secretária, Sarah foi correndo buscar um café. Sabia bem do que Spark precisava: Se acalmar. O que não seria fácil, pois o dia tinha ficado péssimo.

- Sarah! Onde está o meu café?! – Berrou ele nervoso enquanto um homem de olhos verdes entrava em sua sala.

- Pelo visto já tem os relatórios, Spark. – O homem sorriu com um misto de crueldade e satisfação por ver seu colega nervoso.

- Saia da minha sala, David. – Falou ele se acalmando.

- O que houve exatamente? Eu preciso saber, vamos trabalhar juntos lembra? – David falou ainda sorrindo.

- Eu sei, mas isso é inaceitável! – O agente falou parecendo indignado.

- O que? Ainda não tive acesso a todos os relatórios. – O homem parou de sorrir e se abaixou, pegando as folhas que Spark havia torcido e jogado no chão.

- Leia, David. – Spark piscava lentamente os olhos cinzentos, tinha a cabeça apoiada entre as duas mãos em cima da mesa.

- Aqui diz que um brasileiro teve acesso a um sobrevivente de Londres, isso é possível? -

- Infelizmente é o que dizem, mas isso não é nada! Há sobreviventes. – Falou ele sentindo-se desconfortável.

- Você ainda é um homem cruel, Spark. Olha só, tem que controlar esse temperamento... Tudo vai dar certo, ninguém entra e ninguém sai de Londres, Relaxe.

- Eu não trabalho com otimismo, David. Trabalho com fatos e ações. Palavras otimistas não fazem nosso trabalho, então cale-se.

- Os fatos são esses, Spark! Ninguém entra nem mesmo sai de Londres. – David jogou os papéis amassados por cima da mesa do colega e suspirou.

- Eu quero seus homens. – Falou o rapaz de olhos cinzentos como se tivesse uma ideia repentina.

- O que vai fazer, Spark? Não me diga que pretende sujar as próprias mãos de sangue novamente...

- É exatamente o que farei, David. – Interrompeu Spark decidido.

- Ainda não entendo. Por que você sempre quer fazer o trabalho de campo se pode ficar atrás de uma mesa, mandando seus próprios homens fazerem? – David falava desacreditado, sabia que o colega não mudaria sua decisão.

- Dizem que bom agente é aquele que sabe a hora de agir, mas eu discordo, David. Bom agente é o homem que suja as próprias mãos. Eu não sou o cristão que manda queimar o bruxo... Eu sou o carrasco. – Sorriu ele cruel.

- Que seja, tome cuidado Spark... Essa situação não é nada que já tenha enfrentado antes. – O homem de olhos verdes saiu da sala, Sarah lhe trouxe o café.

- Sarah, prepare nossas coisas, você vai comigo para o Brasil. – Spark sorriu pegando uma das folhas ainda amassadas do relatório.

- Brasil? Certo, vou mandar providenciar. – Ela tomava nota em um caderninho.

- E mande chamar os agentes que vou pedir. David vai me emprestá-los novamente.

- Okay. – Concordou ela deixando a sala.

Spark digitava em seu notebook sem parar, procurava os agentes que achava interessantes para a missão. Entre os trinta homens que via fichas, apenas três chamaram mais a atenção: Sam, apelidado de Lancelot por ser rápido como o próprio guerreiro, um garoto novo sem ar de experiência, mas muito bem sucedido em quase todas suas missões. Um talento novo a ser moldado, gosto disso. – Pensou ele colocando Sam entre sua nova equipe. O outro mais parecia um touro do que qualquer outra coisa, musculoso alto e forte. O agente Bruce, apelidado de “B”dava sentido ao que o pai de Spark descreveria como “ O armário de campo.” O homem da força bruta, aquele que prendia os maiores criminosos e alvos com facilidade. A que mais chamou a atenção por sua ficha bem feita era a agente Nicolly, apelidada de Nick. Sua habilidade com armas impressionou até mesmo Spark. Não teve nem mesmo paciência de ler todas as missões bem feitas da moça. Era experiente, apesar de nova para tantas missões. Mandou Sarah contactar todos eles e esperou, após alguns dias pegariam o próximo avião para o Brasil.

04:08 PM – Brasil, MG.

Rodrigo estava em casa procurando dados sobre Londres, era um pouco estranho que o professor não se importasse com sobreviventes. Abriu a gaveta na mesa do computador olhando algumas folhas, parou tudo que estava fazendo e começou a tomar um copo de vinho bem gelado. Estava quente, um dia preguiçoso. O rapaz olhou para o celular com bastante ansiedade, Será que eles estão mortos? – Pensou triste. – Não pude deixar de sentir que dessa vez eu seria útil. Eu preciso ir até o laboratório novamente! Preciso insistir ao professor a verdade! – Concluiu ele deixando o vinho de lado e deitando no chão frio. Sem camisa e agora no chão, o rapaz olhava para o teto distraído.

- Rodrigo, tem certeza que não vai almoçar? Você fica aí bebendo de estômago vazio... – Uma voz feminina perguntou preocupada.

- Não, pode deixar mana. – Falou ele para a irmã, ainda deitado no chão. A moça foi até ele e deitou a seu lado.

- Esse chão frio é muito bom, mas você tem que comer, rodrigo! – A moça ruiva insistiu, olhando para o irmão.

- Eu estou bem, mana... Só preciso relaxar um pouco tá?- A irmã ficou ali ao lado dele no chão frio, aproveitando o vento fraco em um dia tão quente.

07:08 PM – Londres

- Eu estou de saco cheio desses zumbis Kathleen! – Falou Jack sussurrando, escondido em um armário de limpeza ao lado da moça.

- Da próxima vez não me obrigue a esconder em um lugar tão minúsculo! O que faremos Jack?– Kathleen sentou-se no chão, encolhida.

- Não foi uma opção, eu não conheço essa quadra de tênis tão bem como você... Estávamos cercados! – Jack disse com raiva.

- Tudo bem, vamos... Me ajude a achar uma solução, precisamos buscar o John...

- O John?! E nós?! Kathleen... Não sei se você notou mas estamos presos em um armário de limpeza!

- Eu disse para que você não entrasse aí! Ao menos estamos vivos... Vamos Jack, vamos pensar em algo! – Snow miou baixinho, Kathleen acariciou a cabeça do gato.

- Shhh! Não faça barulho seu gato estúpido! – O ex-advogado disse entre dentes.

- Calma Jack... Eu fiquei presa dentro de um frigorífico da outra vez, isso não é tão ruim. – Ela disse tentando animá-lo.

- Como assim presa em um frigorífico? – Jack olhou para os lados, curioso. Kathleen nunca comentou nada antes de salvar os dois homens, apenas que tinha 18 anos.

- Eu trabalhava em um restaurante... Servia mesas, atendia os clientes, esse tipo de coisa... Um deles começou a engasgar com a comida... Teve uma convulsão. Não deu pra entender, meu chefe chamou um médico, mas o cara se levantou e mordeu um homem... Assim começou todo esse inferno, eu e um dos garçons escapamos para um frigorífico... Mas ficamos presos lá! Claro que depois eu dei um jeito de sair, mas meu colega acabou sendo morto. – A moça parecia triste de reviver os momentos dolorosos.

- Entendo, mas como você saiu de lá? – Perguntou, tentando achar uma solução.

- Apenas abrimos a porta e corremos como loucos, no caminho ele achou um pé-de-cabra... Quando estávamos correndo ele foi puxado para muitos deles, jogou o pé-de-cabra pra mim e nunca mais o vi.

- É realmente triste isso tudo.

- Não ligue para isso, triste vai ser se não conseguirmos sair daqui.

- Certo, não sei como a gente aguentou correr tanto... Nós vamos ficar vivos Kathleen! – Falou ele esquecendo de abaixar o tom de voz. – Algo bateu na porta metálica deixando um leve amassado.

- São eles! – A moça pegou o pé de cabra preparada. – E agora? – Pensou. Jack pegou a arma que achou na casa de sua mulher morta e a carregou com algumas balas.

- Eu não vou morrer, só quando estiver perto dos 150 anos! – Falou ele se preparando.

- Digo o mesmo, Jack! – A moça sorriu com lágrimas nos olhos, um pouco agoniada.

03:21 PM – EUA, NY.

Spark finalmente tinha seus 20 agentes, entre eles: Nick, ‘B’ e ‘Lancelot’.

- É um prazer muito grande trabalhar com o senhor, Spark. – Lancelot foi o primeiro a dizer enquanto estendia a mão para onovo chefe.

- O prazer vai ser meu de liderar essa equipe, eu vou liderar vocês por uma caçada que vocês jamais viram senhores... – Spark dizia sorrindo ao apertar a mão estendida, um sorriso cruel e sarcástico. Os olhos cinzentos chamando a atenção de todos.
O resto da equipe parecia um pouco receosa. Sabiam que Spark estava cuidando do caso dos zumbis em Londres, pra onde iriam com tal capitão? Sam era um dos únicos que parecia feliz, era como um cachorro louco de vontade de passear. O rapaz sentou-se ao lado de Nick, a mulher loira mais séria que ele já vira na vida. Nick lia um livrosobre táticas de guerra sem importar com a próxima missão. Bruce estava parado, afastado de todos os agentes, olhavam pra ele apreensivo. O tamanho dos músculos de B e sua seriedade nunca atraiu ninguém.

- Senhores, estamos indo para o Brasil. – Falou Spark querendo chamar a atenção de seus
agentes.

- Brasil?? – Indagaram muitos deles sem entender.

- Sim. O Brasil, precisamos pegar um alvo lá, depois vamos a londres. – O homem de olhos cinzentos respondeu tentando matar a curiosidade de alguns.

- Quem é o alvo? – Nick desviou a atenção do livro pela primeira vez.

- Ótima pergunta, Nick. O nome dele é Rodrigo Fernandes, estudante brasileiro de 23 anos, nenhuma experiência militar, apenas um estudante. Ele se demitiu de um projeto brasileiro. O rapaz sabe demais. – Respondeu Spark com ar cruel enquanto mostrava fotos do rapaz em uma tela na parede.

- Espera aí, deixa eu ver se entendi. Você, Spark o agente sem nome que todos falam, chamou 20 homens de David só para matar UM homem? Um brasileiro? – Disse a moça indignada.

- Sim, eu aposto no sucesso... Não conto com a sorte, além disso vamos para Londres daqui a uns dois dias, isso mata sua sede de sangue senhorita Nick?

- Você é que sabe, mas Spark... O que faremos em Londres? Se é que devo perguntar.

- Adoro sua curiosidade Nick, mas na hora saberão exatamente. Já devem saber o que os aguarda senhores, seres humanos, mortos-vivos. – Sorriu ele.

- Senhor, não estou questionando nada... Mas eu gostaria de saber mais sobre nossa missão. – Lancelot se manifestou.

- Vocês são curiosos e cheios de vida, mas deviam apenas obedecer calados... A vida de vocês vai depender do MEU comando, e eu lhes garanto senhores... Meu comando é confiável