Eu e a Kathleen estavamos ferrados, os zumbis finalmente tinham chegado onde queriam.
Depois de tanta luta, vamos ser devorados por essas porcarias.
Dei um passo atrás quando escutei um barulho de tiro, achei que tinha sido da Kathleen, mas não foi. Meu coração deu um salto desgraçado.

- Quem está aí?
- Jack! Sou eu, John! - Nunca fiquei feliz em ouvir a voz do filho da puta, mas agora eu estava mais que feliz, estava eufórico. Kathleen e eu nos entreolhamos com um brilho de esperança no cantinho do olho. - Jack! Atire no pescoço deles! Eles morrem! - Era dificil ouvir o que ele dizia, mas não era impossivel. Peguei uma arma e mirei no pescoço sangrento de um, ouvi só um grito agonizante e ele caiu! O segredo é atirar no pescoço! Quem diria... Nos filmes de zumbi só nos ensinam a atirar na cabeça, nunca mais vou confiar na tv.
Kathleen deu pulinhos de felicidade que me assustaram um pouco, não estou acostumado a ver a parte feminina dessa garota. Ela é mais macho que eu, se é que isso é possível.
Joguei pra ela uma pistola e quase instanteneamente ela começou a atirar. Nem preciso dizer que saímos fazendo uma limpa na área, preciso?
Por mim, queria matar todos eles, mas a munição não seria suficiente, então era melhor economizar. Afinal, vou ter muitas oportunidades de atirar mesmo...

- Scott! Pra onde fica a casa do seu neto? - Perguntou a voz do John, distante.
- Me sigam! - Respondeu uma voz que eu não conhecia. É acho que o Gray arrumou um amiguinho pra brincar de fuga aos zumbis.

- Jack! Por aqui! - Kathleen apontou uma fresta entre e parede de zumbis, ela puxou meu braço com uma mão e atirava com a outra. Tive até medo, mas a mira dela era boa.
Ela devia ter visto o Gray, eu só via as bocas famintas e fedorentas ao redor. A minha munição já estava acabando, era bom que a garota soubesse pra onde a gente estava indo, ou eu a daria de presente pros canibais desesperados.
Mas felizmente ela sabia, saímos da aglomeração... Não foi fácil mirar, sendo puxado por Kathleen e com um tanto de mãos tentando nos agarrar. Mas finalmente consegui sentir de novo o cheiro do ar, o cheiro da liberdade, cheiro da vida.
Saímos correndo, e pra minha surpresa nosso grupo cresceu mesmo. Um garoto pequeno, um senhor mais velho... Acho que devia ser um quarentão. Não sei de onde tirava tanta força na idade dele, mas acho que nos meus quarenta anos também vou estar nessa boa forma.
Quase tropecei no gato miserável da Kathleen, me deu uma vontade de chutar ele pra longe. Mas o olhar de assassina da dona (que estava armada) me fez mudar de ideia.
Corremos pela quadra e eu nem consegui ver muita coisa, meu coração estava acelerado, tudo estava ficando preto. Merda! Não era hora pra desmaiar. Ficou tudo escuro e não senti mais nada.

Abri os olhos e a primeira coisa que vi foi o rosto de Kathleen, sua mão quente (acho que meu rosto que estava gelado, não importa) me deu tapinhas no rosto. Os olhos azuis dela me cegavam, eu sabia que John ia aproveitar da situação, me jogou água na cara e melhorei instantaneamente... Nada melhor que a fúria pre despertar de vez. Levantei e andei um passo em direção a ele, mas Kathleen e o velho me seguraram pelo braço.

- Filho da puta! - xinguei vendo Gray dando gargalhadas. - Onde a gente tá? - Perguntei olhando a escuridão ao redor.
- Fugindo de zumbis. - Respondeu o John me matando de raiva.
- Isso eu sei, onde na cidade estamos?
- Viemos buscar o neto do Scott.
-Scott? quem é Scott? - Olhei ao redor e notei o velho com lagrimas nos olhos.

-Jack... - Kathleen colocou a mão delicada sobre meu ombro. Já sabia o que devia ter acontecido, o neto dele estava morto, foi o meu palpite.

- Como eu vim parar aqui? Não lembro de ter corrido muito depois de desmaiar. - Joguei a pergunta nos braços da Kathleen e olhei pro garoto pequeno.
- O John te carregou. - Respondeu ela me olhando nos olhos, que olhar estranho essa garota estava me dando.
- Que foi? - Perguntei sem entender.
- Nada... - Kathleen virou o rosto e eu acho que entendi com um misto de agonia e dúvida. Uma mulher só dá esse olhar pro cara quando ele está pra morrer ou quando está afim dele.
Acho que prefiro a primeira opção. Minha Sophy... Que saudade.
John olhou pra ela e depois pra mim franzindo a testa. Não acredito, que idiotas! A gente tá fugindo de zumbis e eles ficam nessa de querer apaixonar? Que fogo do inferno.
Acho que era mesmo a primeira opção, porque ela olhou pro John séria e depois abaixou e me abraçou, começou a chorar. Fiquei pasmo, que diabos estava acontecendo aqui?

- Que é que está acontecendo? Porra não estou entendendo nada. - Desabafei com os olhos arregalados.
- Ela está com medo... - Respondeu Gray cruzando os braços.
- Medo do que? - Olhei para o garotinho e ele estava olhando pela janela, a unica fonte de luz.
- Olhe lá fora. - Quem respondeu dessa vez foi o velho.
- Me levantei, afastatei a moça de mim e andei até a janela.

Parecia um pesadelo, eram muitos zumbis e coisas... Estranhas.
Eram como baratas, insetos cascudos enormes e marrons. mas tinham dentes e presas, meu coração acelerou e eu entendi. Mulheres odeiam baratas, eu odeio zumbis, mas isso já estava saindo de controle. Monstros piores que zumbis?? Não acreditei que isso seria possivel. Baratas sobrevivem a tudo, será que essas também? Não acho que um chinelo mataria uma delas...

- Puta que pariu! De onde vieram essas coisas? - Perguntei quase com ataque cardíaco.
- Não sei, mas elas comem pessoas vivas... estamos encurralados aqui, acho que os animais estão mudando. - Gray respondeu olhando pra Kathleen.
- Animais mudando? Não diga. - Insetos bizonhos! (bizarros e medonhos)