Jack não sabia quanto tempo tinha rodado a cidade, onde será a farmácia mais próxima? – Pensou com a mão direita que sangrava ao volante e a mão esquerda em um dos ferimentos. – Preciso de remédios, não vai ser muito fácil sair da cidade assim. – Fez uma curva, desviando da maioria dos carros parados em meio a rua. – A cidade virou um caos, como pude deixar tudo isso acontecer? Será que essa praga de zumbis já chegou a outras cidades? Preciso saber, preciso de remédios, preciso de comida. Deus! Será que tem algo que eu não precise? – Falou em voz alta para si mesmo. – Será que ainda tem muita gritaria no rádio? – Pensou já ligando para conferir, gritos não eram mais ouvidos, mas nada de música. Apenas uma chiadeira sem limite. Desligou e se concentrou no caminho, encontrando após 10 minutos uma farmácia qualquer. Sem muita conciencia do que queria fazer, quase se deitou ao volante, mas com medo de desmaiar, olhou ao redor: Começara a amanhecer e os zumbis não estavam a vista. – Eles nunca estão a vista quando há muitos deles lá dentro, malditos sejam. – Jack saiu do carro mancando, segurava uma pistola com a mão direita que ainda sangrava. –Será que eu acho remédios aqui? Podia ter tanto um lugar que não estivesse tomado por zumbis e tivesse remédios, mas acho que não estou com tanta sorte assim, que seja a farmácia então. – Pensou ao pegar a mochila inseparável, olhou dentro só para conferir: A fórmula não tinha quebrado, que sorte! – Deu um breve sorriso e saiu mancando, olhava ao redor com preocupação. Com um impulso, pensou em atirar na porta de vidro da farmácia, mas imaginou que chamaria a atenção de todos os zumbis. – Quer saber de uma coisa? Foda-se! Não quero ser pego de surpresa. – Jack arirou na maçaneta e empurrou para os lados a porta de vidro, mirando em prováveis alvos. – Ao menos não tem nada aqui, que estranho... Não deveriam ter pessoas aqui quando a cidade foi dominada por eles. – O fugitivo solitário revirou as prateleiras e não sabia que remédio tomar para a dor e nem o que fazer. Revirando as caixas a procura de algo que aliviasse a dor, ouviu um barulho de algo vindo em sua direção, um barulho de carro. Saiu até a rua segurando uma caixinha com algum remédio dentro, olhou por alguns instantes e nada. Ao se virar algo chamou sua atenção: um carro passou por ele e bateu em outro, aquele em que tinha vindo. Jack olhou para os lados surpreso. – Ainda existiam sobreviventes? – Correu até os carros batidos, mas mudou de ideia: Um grupo de mortos-vivos foi atraído pelos incontestáveis barulhos. Corriam, babavam e grunhiam. Jack tentou correr para dentro da loja e se trancar, mas tudo que fez foi andar um pouco tentando não fraquejar ao peso do próprio corpo cansado.

- Atira neles John! Corra Snow! – Ouviu uma moça gritar de dentro do carro batido.

- Claro! Assim que eu conseguir sair daqui! – Respondeu um homem que tentava abrir a porta empenada.

Jack não pensou duas vezes, estava fraco para lutar ou atirar em zumbis, entrou na loja, mas não conseguiu fechar a porta: Tonto e dolorido, Jack caiu sobre uma das prateleiras e quase desmaiou. A moça saiu do carro e o homem a seguiu pela mesma porta, um dos dois atirava fazendo muito barulho, entraram na farmácia e a moça tentou empurrar uma das prateleiras.

- Me ajuda com isso John! – John empurrou e derrubou algumas das prateleiras fazendo um ruído alto de vidro se partindo enquanto frascos caiam de seus respectivos lugares.

- Isso vai segurar eles por um bom tempo! – Gray disse olhando para o fugitivo solitário. – Kathleen! É o Jack! – Exclamou surpreso o promotor.

- Ele está vivo?! Caramba! Ele é realmente duro na queda! – A moça correu até ele, tirou a mochila de suas costas e a segurou. a moça apoiava a cabeça dele em seu colo. – Jack! Por favor, fala comigo seu idiota!

- Sua tonta! Ainda fica preocupada com aquele gato? – Falou ele fraco abrindo os olhos semi-conciente.

- Ao menos vejo que está em condições de fazer piadas. – Ela dizia enquanto o gato lambia o sangue no braço de Jack.

- Deixe o Snow, agora é hora de Jack Thomas se levantar e nos mostrar como sair daqui ilesos! – John falou olhando para os lados procurando uma saída ao mesmo tempo que mãos branquelas arranhavam a porta já quebrada, tentando passar pela barreira de prateleiras que ele tinha feito. Jack forçou a cabeça para pensar, não havia uma saída sequer. O gato agora com o nome de Snow, subiu no grande balcão da farmárcia. Kathleen olhou curiosa e viu uma provável saída: Acima do balcão havia uma pequena janelinha para ventilação, o único problema é que apenas Snow passaria por um lugar tão estreito.

- Já sei! – A moça correu até o balcão e subiu nele já tirando o inseparável pé-de-cabra.

- Seja lá o que for fazer, faça rápido Kathleen! – John colocava força nas prateleiras com o ombro, a mochila nas costas balançava enquanto mãos e braços branquelos (alguns deles ensanguentados) escapavam pela fresta da porta de vidro quebrado onde as prateleiras não alcançavam. Jack se arrastou para longe da porta e apoiou as costas na prateleira.

- Me ajuda aqui... Jack... – A moça interrompeu a fala ao ver que o ex-advogado sangrava muito, deixando o chão um pouco mais sujo com seu sangue. Jack se levantou enquanto Kathleen com o pé-de-cabra, puxava os lados da pequena janela com força, ficando apenas um buraco cada vez maior. Ele já de pé, tentou subir no balcão, mas Kathleen o impediu. – Deixa, eu faço isso! Pegue alguns remédios, principalmente para dor... o John machucou o braço enquanto saíamos do Shopping também. – A moça começou a falar uma lista de que remédios e outras coisas para pegar, ele obedeceu ainda tonto.

- Como me acharam? – Perguntou ainda surpreso por os dois ainda estarem vivos.

- Nem sabíamos que estava vivo! Apenas queria remédios para o braço do John! Acho que nosso encontro se deve a dirigir uma cidade destruída, cheia de locais que não podemos ir.

- Quer dizer as ruas cheias de zumbis em que não se deve nem mesmo arriscar passar ou a com os carros na frente? E o que houve com o caminhão? – Ele perguntou ao pegar a própria mochila das costas de Kathleen e colocar com cuidado alguns remédios.

- Quando saímos do Shopping tinham muitos deles lá fora, não deu para chegar até o caminhão, o Snow aqui fugiu para um telhado e encontrou com agente. Esse gato é muito esperto! – Kathleen falou sorrindo, mesmo sem parar de bater e puxar partes pequenas da parede com o pé-de-cabra.

- Ela fez eu correr muito só por causa desse gato! – Falou John irritado evitando os braços dos zumbis que não paravam de tentar entrar.

- Vamos sair logo da cidade? – Perguntou Jack confuso ao terminar de guardar os ultimos remédios que a moça aconselhou.

- Aí que está o problema, vai adorar isso Jack! – Riu Gray, parecendo sarcástico.

- Esses malditos se espalharam por todos os cantos! Por enquanto não sairemos daqui de Londres.

-AQUI?! – Gritou ele em resposta sem entender. – Por que diabos aqui?

- Os militares de diferentes países tomaram as nossas fronteiras,matam tudo que se move. Temos que chegar em uma das fronteiras e apenas entregar a fórmula, mas antes devemos achar um meio de falar com eles que estamos com a fórmula. – Explicou a moça terminando de abrir o buraco. Kathleen pegou o gato com uma mão e o colocou em cima do telhado, Snow andou um pouco e esperou os companheiros sairem pelo buraco. Ela estendeu a mão para Jack e pela primeira vez, ela o ajudou a subir. – John! Venha! – A moça indicou o buraco e subiu, Jack segurou a mão da moça com uma das mãos e a puxou. John saiu correndo e em poucos segundos alguns zumbis já adentravam a farmácia, grunhindo como animais. Subiu no balcão com dificuldade e levantou os braços, Jack e Kathleen o puxaram.

- Quero saber como faremos para falar com os militares de outros países. – Jack disse mais para si do que para os companheiros.

- Ainda não sabemos Jack, mas isso é o de menos agora, o importante é ficar vivo e não ser mordito até lá! – Kathleen dizia ao segurar o gato com uma das mãos e o apoiar no ombro.

- Vamos, olha! Acho que naquele prédio tem luz... – Indicou John ao ver a luz acesa em uma das janelas.

- Desde quando precisamos de luz? – Falou Jack desinteressado.

- Desde que precisamos achar um jeito de falar com alguém que não ache que somos comida. E talvez aproveitarmos para tomar um banho. – Falou a moça com expressão sonhadora.

- Espero mesmo que a sorte esteja do nosso lado mais uma vez. – Falou Jack se sentando no telhado, ainda fraco.