Kathleen olhou em volta, o prédio era algum tipo de escritório. Jack ainda estava fora de ação, tudo agora dependeria dela. Pegou o pé de cabra e deu uma surra no zumbi lento, mas nada o fazia parar de se mover, não agüentava mais bater nele. Snow deu um miado fraco ainda com o pêlo eriçado e foi até Jack com um pouco de medo. Medo do zumbi ou da voracidade de sua nova dona? – Jack se pegou pensando ao passar a mão na cabeça branca do gato, sujando-a de sangue.

- Será... Que a gente... Não vai... Ter paz... Nunca mais?! – Falou a moça batendo o pé-de-cabra no crânio do morto-vivo com toda força que seu fino braço possuía e mesmo fino não parecia pouca. O ex-advogado agora começou a pensa em como matar os zumbis. – Eles só param queimados ou com suas cabeças arrancadas, mas tiros na cabeça não faziam efeito, por quê? – Pensou com a cabeça dolorida e visão embaçada. De uma hora pra outra, Jack apenas disse:

- Kathleen! Se concentre em arrancar a cabeça e não em dar porrada. – A moça jogou o zumbi no chão e começou espancar o pescoço com o pé de cabra, tentando arrancá-lo. Finalmente desistiu e pegou a faca na cintura, a faca que Jack tinha dado a ela. Arrancou com cara de nojo o pescoço dele, tentava morder inutilmente até parar de se mover por completo. Jack estava cansado de toda a agitação, olhou para Kathleen. A moça guardou a faca e olhou para os dois lados do corredor: Nenhum morto-vivo. Jack fuçava a mochila procurando algo. – Kathleen, como vamos mandar uma mensagem aos exércitos? –Perguntou para a moça que suada e suja de sangue, mexia em um dos computadores abandonados do local.

- Estou trabalhando nisso, caramba que sorte infernal! A internet aqui também está funcionando. – Sorriu ela, sentando em uma cadeira suja de sangue e procurando notícias sobre Londres. A moça procurava com muita concentração, Jack se levantou com dificuldade e foi até ela com Snow o seguindo.

- Ótimo! E o que achou aí? – O rapaz perguntou olhando a tela, tentava ler mas não conseguia pela dor de cabeça e visão ainda embaçada.

- Olhe... “ Londres em tragédia total”. Tragédia? Que coisa mais trágica... – Comentou a moça continuando a ler. – “ Aparentemente toda a Londres está um caos. Um tipo de vírus mortal parece ter tomado conta da cidade, o vírus parece atacar o sistema nervoso da vítima e o transformar em algo como zumbis, onde atacam seus semelhantes por meio de mordidas. Não se sabe o motivo de tal doença, muitas pessoas acharam que tudo não passava de brincadeira, mas imagens divulgadas em todo o mundo provaram ser mais. Alguns, ainda citaram grandes livros e filmes conhecidos do gênero. Os esforços dos EUA, China e vários países para conter o vírus em terras Londrinas, parece estar apenas começando, já outros países como Brasil e Japão dedicaram-se exclusivamente a buscar a cura para a doença desconhecida. – Nunca vi nada assim antes. – Falaram alguns professores Brasileiros. – Vamos achar a cura a todo custo! – Disse Rodrigo Fernandes, um dos determinados alunos brasileiros, envolvido em um projeto da união a vários cientistas brasileiros.”... Que droga, isso significa que devemos estar rodeados de americanos e chineses! Provavelmente devem estar matando todo mundo nas fronteiras e tudo que você pensar. – Jack olhou para os lados pensativo, o que era melhor? Entregar o virus aos chineses ou americanos?

- Devemos entregar essa droga de vírus aos países que estão pesquisando a cura, então temos que sair de Londres... Chegar ao Brasil ou ao Japão.

- Como saíremos de Londres com exércitos em nosso caminho, Jack?

- Na hora agente vai descobrir, Kathleen.

- As vezes sua filosofia de “tudo na hora” é de arrebentar, como você é criativo! – Falou zombando.

- Tanto faz, tente achar um jeito de mandar uma mensagem aos japoneses ou brasileiros. – Falou ele esperançoso.

- Ah claro, você fala português ou japonês? –Sorriu ela procurando um jeito.

- Mande no nosso mais puro inglês mesmo... Eles que se virem! Fugir de mortos-vivos não é algo fácil como traduzir “ Estamos na cidade dos zumbis”. – Disse o ex-advogado irritado.

- Nisso eu realmente concordo. – Riu a moça digitando algo.

- O que está fazendo? – Perguntou ele curioso.

- Mandando uma mensagem aos pesquisadores brasileiros. Aqui tem um endereço de email do que disseram ser um projeto cientifico para descobrir a cura entre eles... Só espero que vejam.

- Tomara mesmo, ou vamos ter sérios problemas. Pense Kathleen... Você pode mandar algo a eles, mas como irão te responder? – Perguntou ele confuso.

- Realmente não podemos ficar nesse prédio o resto da vida, temos que buscar o John. – Kathleen olhou a tela pensativa. Pararam alguns instantes olhando para os lados vazios do corredor, algo tinha feito barulho como de passos, não viram nada.

- O que foi isso? – Perguntou ele fixando a visão embaçada no lado direito do corredor.

- Não sei. – Katheelen tirou o pé-de-cabra da cintura e foi checar.

- Cuidado. – O ex-advogado recomendou baixinho. A moça andou um pouco e virou um corredor, saindo do alcance da visão de Jack, Snow a seguiu sem pensar duas vezes.Olhou por algum tempo, sentindo a vista começando a voltar ao normal. – Estou com fome, onde será que acabaram nossos suprimentos? – Pensou, acariciando a barriga e sentando-se na cadeira suja de sangue. Começou a pensar em um modo de se comunicar com os cientistas. – Kathleen? – Chamou baixinho. – Precisamos ter algo como um celular ou aparelho que funcione para comunicação. – imaginou, olhando ao redor, mas não foi preciso: Alguém acabara de mandar a Kathleen um email em resposta a mensagem. Abriu, pensando se devia chamar a moça.

“ Por deus! Sobreviventes?! Não foi confirmado nenhum pelo exército americano e nem por nenhum outro. Em que parte de londres estão? Quanto a sair daí sem passar pelos militares seria impossível. Há rumores que muitos militares querem para seu país o segredo de tal arma química, realmente não recomendaria entregar essa fórmula a ninguém. Nem mesmo para nós se não achar de confiança, vai depender de vocês, tiveram sorte... Todos aqui ainda estão em seu horário de almoço, fiquei para terminar uns projetos. Em todo caso, o que pretendem fazer?

Rodrigo Fernantes.

- O que pretendemos fazer? Ao menos acho que devemos entregar a fórmula. Kathleen! – Chamou pela moça. Ela não respondeu, foi até Jack em silêncio.

- O que foi? – Perguntou curiosa.

- Bem, veja o email! – Falou ele indicando a tela. A moça leu tudo e depois parecia pensativa, o que faremos? Os dois pareciam se perguntar sem dizer nada. Um novo email chegou tirando da cabeça dos dois de tamanha questão.

“ Estou com sincero medo de mais gente saber disso, chegaram a falar sobre isso com mais alguém? Meu medo é que esse vírus acabe se tornando uma arma de guerra, realmente não confio nem em meus superiores. Deixo a decisão a vocês se querem ou não que eu fale com eles, o que acham?” – Katheen olhou surpresa para o novo email e concluiu:

- Não podemos deixar as pessoas usarem isso pra lutar em seus propósitos inúteis. Temos que achar a cura, mas cedo ou tarde temos que confiar em alguém!

- Infelizmente precisamos confiar. Vou responder. – Jack começou a digitar pensando exatamente o que gostaria:

“ Não queremos ver esse vírus circulando por aí, mas mais cedo ou mais tarde teremos que confiar em alguém, estamos confiando em vocês brasileiros. Ajude-nos a sair daqui sem os militares nos matarem.”

- Estou começando a pensar que se foda Londres! Quero mais é sair daqui desse lixo morto-vivo.

- Calma Jack, a gente vai sair daqui de qualquer jeito. Jack.. Eu estava pensando, será que um celular pegaria? Temos internet, deve funcionar!

- Vamos procurar celulares! – Sorriu ele concordando.

- Precisamos achar logo o John. – Falou preocupada.

- Ele vai ficar bem, preocupe-se em achar algum celular agora.

- Vamos vasculhar. Olhe nas gavetas dessa mesa pra começar. – Falou ela pensativa.

- Inútil, quem deixa um celular assim na... – Jack se calou ao ver que quando abrira a primeira gaveta um celular novo mas arranhado apareceu.

- Gaveta? – Completou a moça rindo.

- Você rezou ao santo clichê agora! – Sorriu ele ligando o aparelho e olhando a carga.

- Quanto tem de bateria? – Falou ela esperançosa.

- Tem metade apenas, vou olhar que número é. – Jack mexia no aparelho enquanto Kathleen em pé, olhava a tela do computador. Mais um email havia chegado em resposta:

“ Certo, vou olhar o caso de vocês e ver o que posso fazer. Posso continuar mandando emails por aqui mesmo? Não sei como ainda tem internet ainda aí em Londres!”

Kathleen sorriu e respondeu:

“ Eu também não sei, por isso estamos procurando celulares que funcionem. Meu amigo Jack acabou de encontrar um, o número é...” – Qual o número dessa coisa? – Perguntou a moça cansada. Kathleen digitou o número que Jack indicou e terminou o email, enviando-o imediatamente.

“... Veja realmente o que pode fazer, se possível ligue-nos agora para testar se ainda funciona! Obrigada.”

Esperaram com esperança no aparelho, Jack olhava para Snow que ficara quieto, perto de seus pés.

Ao passar alguns minutos os dois se entreolharam, receberam apenas mais um email dizendo “ vou ligar para vocês, aguardem.” O telefone tocou fazendo bastante barulho, Jack o atendeu rapidamente querendo evitar ruídos que atraíssem zumbis.

- Alô?

- Alô! Desculpe a demora, mas eu não sabia como ligar pra vocês! Quantos sobreviventes são?

- Somos... 3. – Jack respondeu olhando para Kathleen que aparentemente havia pensado o mesmo que ele.

- Em que área de Londres estão?

- Como vamos sair daqui? – Perguntou querendo evitar ainda mostrar que confiou totalmente no brasileiro.

- Ainda não sei, sinceramente preciso falar com meus superiores a respeito.

- Achei que falaria português comigo. – Riu Jack ao celular.

- Eu falo inglês, para a sua sorte! – Falou parecendo bem humorado o rapaz.

- Meu nome é Jack. – Informou ele.

- Eu sou Rodrigo, a mulher que me mandou emails se chama Kathleen não é?

- Sim isso mesmo, Kathleen...

- Estou tirando essa ligação do meu próprio bolso. – Comentou ele.

- Obrigado por isso, mas olha... Preciso desligar esse aparelho, ele tem pouca carga.

- Eu nem mesmo sei como acharam um lugar com energia e sinal ainda! Mas tudo bem, liguem para mim quando acharem necessário, se possível carreguem esse aparelho, eu vou falar com meus superiores me ligue daqui a uma meia hora certo?

- Certo. – Jack concordou e desligou. Kathleen olhava curiosa para o ex-advogado.

- E então? – Perguntou demonstrando a curiosidade.

- Ele foi falar com os superiores dele, disse pra eu retornar a ligação daqui a meia hora.

- Será que esse celular tem como retornar? – Falou ela preocupada.

- Tem sim e parece estar funcionando como se não estivesse numa Londres afetada por zumbis.

- Obrigada santo clichê! Eu te amo santo clichê! – Falou a moça rindo.

- Vamos buscar o John. – Falou o ex-advogado guardando o aparelho desligado no bolso.